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Entrevista | Precisamos achar um meio termo para não ser taxado de imprudente, diz empresário Leandro Panneitz

Por: Marcos Schettini
18/06/2020 16:49
Divulgação

Apaixonado pela música, Leandro Panneitz é acordeonista e produtor de eventos em São Bento do Sul. Com mais de 100 composições próprias, tem ainda seis CDs gravados, promovendo o Acordeon Festival, um projeto que é considerado como um dos maiores festivais de acordeon do mundo, projeto esse com mais de 60 edições realizadas.

Após 17 anos em sociedade de outra empresa, Leandro decidiu fundar a Serrano Colchões e Interiores, em 2017, revendendo produtos para lojas conceituadas do Sul do Brasil. Em entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini, falou sobre a situação do setor moveleiro após início da pandemia e, como empresário, taxou o Governo do Estado como despreparado. Ainda, comentou sobre música, mercado e burocracia. Confira:

Marcos Schettini: O que a pandemia trouxe de estrago no setor de móveis?

Leandro Panneitz: O estrago foi grande, parar tudo foi um erro inadmissível dos políticos que pouco entendem de gestão, agora vão querer dar de “guru” e prever o que iria acontecer no Brasil, se espelhando em outros países com condições climáticas, população e extensão territorial totalmente diferente do país. Agora, somente em Santa Catarina, temos milhares de desempregados, comércios e empresas quebradas ou se afundando em dívidas para tentam sobreviver. Só na região, a indústria moveleira foi afetada em 70% do faturamento. Muitas dependiam do mercado de São Paulo, e por lá o comércio ficou muito tempo fechado. Triste realidade que ninguém vai ajudar a recuperar esse prejuízo. Cartórios e bancos não tiveram piedade ou nem ouviram o nome “pandemia” e sujaram o nome de muitas empresas que agora, além de tudo, não têm crédito na praça nem sequer para comprar matéria prima.


Schettini: Qual é o desafio de não ser engolido pela tecnologia?

Leandro: Sobre a tecnologia, olhando nosso setor, não vai impactar no processo produtivo, visto que colchão e estofado ainda é necessário de uma boa mão de obra, pois a montagem é artesanal. Mas que a tecnologia avançou 5 anos em 2 meses, não temos dúvidas disso, temos que aproveitar o momento para usufruir desses novos dados tecnológicos.

Schettini: O maior problema do empresário é o mercado ou burocracia?

Leandro: O maior problema do empresário é a cultura brasileira, autoridades e grande mídia que pede para ficar em casa para ganhar auxílio. Falam que o coronavírus vai matar todo mundo e eles se desesperam. Então, o empresário precisa achar um meio termo para não ser taxado de imprudente. Motivar seus funcionários para não deixar a empresa falir, pois sem operação não vai para a frente, e tomar os cuidados necessários. Com isso, o mercado e a burocracia são consequências de uma cultura antiga que ainda não mudou.


Schettini: Foi a burocracia que impediu que respiradores fossem produzidos em SC. O Estado joga contra?

Leandro: Foi a falta de preparo do Executivo mesmo. Sem mais comentários porque ele já está se queimando sozinho, então nem preciso explanar.


Schettini: SC vê uma crise institucional que pode cassar governador e a vice. O que atrapalha?

Leandro: Novamente o que disse acima, falta de conhecimento da gestão. Eu sei fazer colchão, sei fazer sofá, sei tocar o acordeon. Para montar uma empresa é preciso de um financeiro bom, de um costureiro bom e de um estofador bom. Para gravar um CD preciso de uma banda boa para acompanhar e de um estúdio bom para gravar. Essa analogia reflete ao Estado, acha que sabe como a banda toca e acha que vai cortar a madeira e fazer a espuma ao mesmo tempo.


Schettini: A Fiesc tentou muitas vezes se entender com o Governo de SC. Por que isso ocorre?

Leandro: Não tem conversa. Só funcionaria se ninguém mais faturasse mercadorias para acabar com a arrecadação, aí teria um desespero por conversa.

Schettini: São Bento do Sul perdeu representatividade política em 2018. Isso não joga contra o desenvolvimento da região?

Leandro: O povo daqui é trabalhador, não depende de incentivos de políticos ou facilidades. Fazemos acontecer. Agora, lógico, que sem legislativos estadual e federal a região perde em outros segmentos, como a pavimentação das estradas, por exemplo.


Schettini: O Sr. é um artista tradicionalista. A pandemia inibiu shows e encontros. Qual a saída?

Leandro: Os setores musical e de eventos foram os primeiros a parar e serão os últimos a voltar. Isso é muito triste porque poucos conseguem se reinventar através da tecnologia. A maioria ainda precisa daquele “cachê” do baile do fim de semana para sustentar a família. Os grandes artistas, na verdade, estão rindo à toa e ganhando mais dinheiro que os shows, com lives patrocinadas que fazem. Mas infelizmente é a cultura brasileira que incentiva isso. Por aqui, o que estamos fazendo são lives pequenas, algumas diretas do celular para alegrar as pessoas, sorteamos brindes e doamos colchões para os mais necessitados. Ou seja, a minha empresa é a patrocinadora da minha música. Quando se gosta do que faz não tem jeito.

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